O Centro Estadual de Treinamento Esportivo (Cete), em Porto Alegre, abriu suas portas para o Dia do Desafio nesta quarta-feira (28). Cerca de mil pessoas passaram pelo complexo em uma data idealizada para celebrar a saúde e o bem-estar. Coordenado pelo Sesc, o evento está comemorando 30 anos no país. Criado no Canadá em 1983, o Dia do Desafio tem o objetivo de estimular que as pessoas façam, pelo menos, 15 minutos de atividade física no dia. Administrado pela Secretaria do Esporte e Lazer (SEL), o Cete foi um dos três espaços em Porto Alegre que recebeu atividades.

Foram oferecidas de forma gratuita à comunidade dezenas de oficinas de diversas modalidades como boxe, ginástica, levantamento de peso e judô, além de atividades esportivas focadas em crianças e pessoas idosas, com espaço para recreação e aulas de danças. Outro ponto importante do evento foi a caminhada ecológica por ruas do bairro Menino Deus.

A diretora do Cete, Nathalia Lauermann, fez um balanço positivo do evento: “Foi um dia em que as pessoas se desafiaram aqui no Cete. Foi muito gratificante ver as pessoas comemorando seus resultados e recebendo suas medalhas. E é isso que a gente busca sempre, que o Cete seja um espaço acolhedor, esse é um compromisso do secretário Juliano Franczak, o Gaúcho da Geral”, completa a diretora.

Essas primeiras vivências com novas modalidades funcionam como uma importante ferramenta para inclusão, pois permitem uma aproximação dos jovens com o esporte. A professora de boxe da Central Única da Favelas do Rio Grande do Sul (CUFA/RS), Adriana Polli, falou sobre como um primeiro passo pode transformar realidades: “O esporte traz a autoconfiança, autoestima, isso é muito importante para as crianças e adolescentes, principalmente na questão da saúde mental. Tem crianças que não conheciam os esportes e quando conhecem se motivam. Muitas delas ficavam isoladas, dentro do quarto, às vezes com quadro de depressão. Após começarem a praticar esportes, tivemos resultados muito positivos na recuperação deles”, relata.

A transformação social a partir do esporte pode ser vista na prática com a judoca olímpica Maria Portela. Após iniciar em um projeto social em Santa Maria, ela chegou ao topo da modalidade e hoje é gerente da Federação Gaúcha de Judô, cuja sede fica no Cete. Ela é prova de como 15 minutos de contato com o esporte podem impactar vidas: “Eu sempre falo, o esporte é transformador, te traz oportunidade, por vários caminhos na vida. Ser atleta olímpico ou não é outra coisa, mas só de conviver com pessoas diferentes, de ter acesso a bolsas de estudo e do cuidado com o corpo. Iniciativas como essas, do Dia do Desafio, plantam uma sementinha nas crianças para terem experiências que nunca tiveram. Talvez tenhamos um atleta olímpico, mas, mais importante, teremos um ser humano melhor”.

A sementinha citada pela atleta olímpica gaúcha já pôde ser vista no Dia do Desafio. Aos 11 anos, o jovem Felipe participou do Dia do Desafio com a escola e, após a caminhada, demonstrou os impactos desse dia especial: “O Cete sempre foi uma segunda casa para mim, eu tinha parado de fazer ginástica e esse dia me reconectou com o esporte".

Como para cumprir o desafio é preciso ter onde praticar a atividade física, o Cete conta com uma estrutura aprovada por quem já viveu nos maiores palcos esportivos do mundo, como Portela, para que todos os públicos possam se desafiar, seja num dia especial, seja fazendo parte da rotina: “O Cete é muito importante, termos a estrutura disponível é algo que eu nunca tive na juventude. A gente utilizava espaços que tinha que montar e desmontar todos os dias. As vezes não tinha horários. Isso aqui é fantástico. Ter esse espaço é fundamental para transformação".